06 de April de 2016

Comunicadores da BSGI realizam encontro trimestral

Departamento de Comunicação da BSGI reúne-se num evento centrado em palestra e roda de conversa

Palestra do Decom sobre aspectos do Budismo

Nem a chuva forte que assolou a cidade de São Paulo na noite do dia 17 de março afastou os participantes que compareceram ao primeiro encontro trimestral do ano do Departamento de Comunicação da BSGI (Decom). “Somos comunicadores humanistas e por isso viemos!”, exclamou a jornalista e líder nacional do Decom, Vera Golik. O encontro foi promovido em parceria com o Núcleo de Estudos Filosóficos e Religiosos (Nefir) e o palestrante foi o sociólogo Hugo Lenzi. O tema da palestra, Budismo: Filosofia, Ciência ou Religião?


 
A proposta destes encontros do Decom é compartilhar saberes a fim de instrumentalizar seus membros para aprofundarem-se na filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin, base de todas as ações empreendidas pela BSGI. A roda de conversa que se seguiu serviu para o enriquecimento do tema, proporcionando reflexão para transformar informação em conhecimento.


A seguir um resumo das principais ideias da palestra:


A palavra Religião vem do latim “Re”, que significa religar o profano ao sagrado, que é unir os seres vivos à sua origem: o homem à divindade, o material ao espiritual. Refere-se ao conjunto de crenças ou dogmas relacionados com a divindade.


Do ponto de vista ocidental, implica em sentimentos de veneração e de obediência perante Deus ou os deuses, normas morais para a conduta individual e social e práticas rituais, como a oração e o sacrifício.


A maioria das religiões surgiu a partir de crenças nos fenômenos naturais. Tudo aquilo que o homem não conseguisse explicar em sua mente, acabava por transformar aquilo em uma forma de divindade.


Passando para a Filosofia. Inicialmente, no ocidente, religião e filosofia eram uma única coisa. Karl Marx disse que a religião surge da necessidade de um mundo melhor e representa esperança, sonho de um mundo melhor diante da dura realidade. Ele define religião como “o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como o alento de uma sociedade desalentada. É o ópio do povo”. Com uma formação altamente religiosa, e analisando a sociedade do seu tempo, Marx percebeu claramente que a religião é uma necessidade de todos os povos e sociedades e que ela é uma forma de dar a todos os seres vivos esperança num mundo de desesperança.


Pontos em comum: a religião é para a humanidade um mecanismo para amenizar seus anseios, uma válvula de escape, um refúgio para seus medos e fundamentalmente um sentido para sua existência. A religião está presente desde o surgimento do homem e provavelmente estará presente até o fim de seus dias. Seu surgimento se deu para explicar determinados acontecimentos que levam o homem ao sofrimento, como: a questão da vida e da morte; se existe vida após a morte; o que faz existir a vida; o que faz existir a morte e porque nós estamos condenados ao sofrimento.


Desde a sua origem o homem sempre buscou obter conhecimento sobre os objetos que o cercavam, pois dependia disso para sua sobrevivência. Tal conhecimento histórico e biologicamente primitivo é, portanto, antes de tudo, uma forma de saber, um conhecimento motivado por algo externo à atividade cognitiva propriamente dita: a necessidade de controlar os fenômenos naturais.


Os gregos produziam a busca do conhecimento pelo próprio conhecimento, uma questão de curiosidade intelectual. Aqueles que cultivavam essa busca do saber pelo saber foram chamados de filósofos (os que amam ou buscam a sabedoria). Aristóteles enfatizou que, na natureza, todo homem tem o desejo de conhecer. Inicialmente se dava o conhecimento por experiência sensorial direta, se restringindo aos objetos e eventos individuais e simplesmente informando o que aquilo é ou aconteceu. Uma constatação dos fatos.


Mais tarde, já conseguindo elaborar conceitos técnicos, o ser humano começa a desenvolver leis gerais do conhecimento, mas que se reduz a dizer como as coisas são. E, num terceiro momento, acontece o desenvolvimento teórico, que é também de tipo geral e procura explicar o porquê das coisas. É aí que entra o predomínio da ciência propriamente dita. Com o tempo a ciência vai se separar da filosofia e vai investigar as causas e os princípios dos fenômenos.


No século XVII surge um novo método de investigação que, supostamente, aliava a observação cuidadosa e, quando possível, controlada dos fenômenos, ao crivo da razão. Mais tarde esse empirismo é questionado por John Locke, e no século seguinte, é aprofundado por David Hume.


Ciência de hoje: Popper define a ciência como ela é hoje, um conhecimento científico não como epísteme, que requer certeza, mas como opinião. O progresso da ciência é a refutação de teorias e a criação de novas. Quanto mais o homem sabe, mais ele sabe menos e percebe o quanto ele ainda tem para descobrir.


No pensamento Oriental, que também conheceu quase todas as variedades de pensamento filosófico: positivista e negativista, hedonista e acética, mundana e sobrenatural, religiosa e não religiosa, monística e pluralística.


No oriente a filosofia nunca se despregou da sua questão prática, como orientadora dos fazeres dos seres pensantes, sempre com objetivo de orientar a conduta e a compreensão da vida. Se destacam o hinduísmo, o budismo e o confucionismo.


Nessas correntes a vida deve estar intimamente ligada à vida e aos seus problemas. A filosofia no oriente nunca se separou da vida. Os grandes filósofos orientais desejam, acima de tudo, resolver os problemas práticos do dia a dia, seu significado, seus valores, o destino do homem, etc. A curiosidade nunca foi um incentivo fundamental , mas sim a busca pela compreensão da vida, da morte, e das causas do sofrimento, e da lógica da vida.


O budismo é única filosofia que exerceu influência em todo o oriente. Os fenômenos da natureza mais os desejos mundanos, são a causa dos sofrimentos e das dúvidas da humanidade. O budismo buscar levar as pessoas a sair desse plano de sofrimento, incentiva-os a compreenderem a vida e ainda conseguirem transitar de forma mais natural, mais fácil e mais harmônica por todos os fenômenos que são naturais a todos os seres vivos.


As Três Verdades compõem a essência do pensamento budista: 1) a descoberta da causa do sofrimento, 2) a descoberta da causa da sensação do sofrimento, e 3) a descoberta de um meio para que isso aconteça. Sem esses problemas não haveria filosofia budista, mas devido a eles surgiram as dúvidas de como fazer para entender essas questões, e como lidar com elas. E foi exatamente essa busca o estopim que fez com que se desenvolvessem todos os esforços para resolver essas questões, e é daí que nasce a questão prática do budismo: uma forma de todos os seres alcançarem uma condição de suprema felicidade ou libertação dos sofrimentos pelo entendimento de que eles fazem parte da vida, e essa é a melhor maneira de lidar com esses sofrimentos, por mais difíceis que eles sejam. A chave é compreendê-los e crescer; por meio disso se fortalecer e, por fim, preparar-se para outros desafios que naturalmente virão, e com isso buscar a realização plena em nossa existência.


O budismo não é ciência, mas com seu desenvolvimento, o pensamento budista está totalmente alinhado aos conhecimentos e descobertas científicas. No budismo se fala da questão do místico, não no sentido esotérico, mas sim daquilo que o homem ainda não foi capaz de explicar, mas que com o passar do tempo vai sendo capaz de compreender e incorporar à sua vida, ao seu sentimento e ao seu pensamento.


Do ponto de vista oriental não existe a dúvida se o budismo é uma filosofia ou uma religião. O budismo é uma filosofia: porque é um conjunto elaborado de pensamentos a serviço da solução da vida teórica e prática dos seres;e é uma religião porque é a construção de um guia de ética, conduta e orientador dos sentimentos e das ações de todos os seres humanos.


Do ponto de vista ocidental, o budismo volta a reunir aquilo que foi separado; a filosofia como pensamento teórico de um lado e a religião como orientadora ética de comportamento. No ocidente e no oriente, o budismo retoma a unicidade dessas duas questões, é uma filosofia de vida, um guia e uma ferramenta para a busca da sabedoria, da felicidade e do respeito a todas as formas de vida que existem no universo.


Ao contrário de outras linhas de pensamento budistas, onde há o desprezo pelos desejos mundanos, o budismo Nichiren enfatiza que todos os desejos são meios e caminhos para o desenvolvimento e para o entendimento das dificuldades e sofrimentos. São ainda ocorrências naturais da nossa vida, e que negá-los é o mesmo que não-viver. O budismo ensina que é normal desejar e é esse desejo que o levará à iluminação ou à felicidade plena.

Voltar para o topo

Outras notícias

March de 2024

January de 2024

December de 2023

November de 2023

October de 2023

September de 2023

Mais notícias

Notícias + lidas

Sede Central da BSGI
Rua Tamandaré, 1007
Liberdade - São Paulo - SP
Brasil
CEP: 01525-001
Telefone
+55 11 3274-1800

Informações
informacoes@bsgi.org.br

Relações Públicas
rp@bsgi.org.br
Informações Gerais
Contatos
Redes Sociais
Facebook
YouTube
Instagram
Twitter
Sites Relacionados
Soka Gakkai Internacional
Daisaku Ikeda
Josei Toda
Tsunesaburo Makiguchi
Cultura de Paz
Editora Brasil Seikyo
CEPEAM
SGI Quarterly
Escola Soka do Brasil
Extranet BSGI