Núcleo Universitário da BSGI promove encontro com amiga de Anne Frank
Nanete: Nós dependemos dos jovens, da atitude deles. Pois, são eles os nossos futuros líderes e devem saber o que fazem
A memória viva de uma sobrevivente do holocausto foi o grande destaque deste encontro promovido pelo Núcleo Universitário da BSGI da região de Arthur Alvim, bairro da capital paulista em 4 de junho último. O evento contou com a participação de mais de 200 pessoas e foi realizado na sede regional da organização local. A convidada especial, nessa oportunidade, foi a holandesa Nanette Konig, uma das últimas amigas ainda vivas de Anne Frank, a menina judia morta pelo nazismo, e que se tornou símbolo da luta pelos Direitos Humanos. No mesmo dia e local foi também montada uma exposição de fotos de William Mordoch, neto de um sobrevivente do holocausto. As imagens retratam o campo de concentração onde seu avô foi preso.
Em 2015, este mesmo núcleo promoveu evento semelhante em que foram convidados três sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki. O objetivo destes encontros é promover a reflexão quanto a urgência em empreender ações efetivas para a edificação de uma genuína cultura de paz. O grande catalizador destes eventos é a proposta de paz anual que o presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda redige e envia à ONU a cada 25 de janeiro, data da fundação da Soka Gakkai Internacional – SGI.
Nanette Konig é autora do livro Eu sobrevivi ao Holocausto. Sua palestra enfocou sua terrível experiência durante a Segunda Guerra Mundial, quando do regime nazista na Holanda. Houve sessão de perguntas e respostas e autógrafos ao final de sua exposição.
Nanette iniciou contando em detalhes sua história. No começo da Segunda Guerra ela ainda vivia com a família em sua casa, mas já passava por restrições como o toque de recolher, proibição no uso de transporte público e frequentar quaisquer locais de entretenimento como cinemas e teatros. O regime nazista também bloqueou todas as contas dos judeus e confiscaram seus bens. Nanette descreve o holocausto como um fato sem precedentes na história, e revelou também que o governo da Holanda colaborou com o regime nazista, deixando de resistir para, com isso, tentar proteger o seu povo, fato que a indigna muito mesmo nos dias de hoje.
Devido a isso, Nanette e seus familiares foram enviados ao campo de concentração de Bergen-Belsen. Não era um campo de extermínio com câmaras de gás, porém as pessoas eram deixadas sem alimento por vários dias, uma morte lenta e dolorosa, além das doenças que se alastravam devido à ausência de condições mínimas de higiene. Além disso, os judeus eram obrigados a permanecer em pé por intermináveis as horas diárias, independente da condição climática, para que os soldados fizessem a contagem oficial.
“Ainda é um mistério para mim como pudemos nos reconhecer”. Escreveu Nanette em seu livro sobre o reencontro com a amiga Anne Frank, no campo nazista de concentração de Bergen-Belsen, no norte da Alemanha, em janeiro de 1945. Segundo ela, a amiga Anne encontrava-se em condições terríveis, esquelética, caminhando em rumo, enrolada apenas em um cobertor, pois dispensara as roupas, infestadas por piolhos. Tatuado no braço a marca de sua estada no terrível campo de Auschwitz, na Polônia, onde estivera presa antes de ser despachada para Bergen-Belsen. Nanette ficou neste campo para até 1945, quando aconteceu o fim da Segunda Guerra. Pai, mãe e irmão tinha sucumbido às condições subumanas daquele local.
Após ser libertada, foi levada a um local para se recuperar do tifo e outras afecções adquiridas durante sua internação em Bergen-Belsen. Pesava apenas 30 kg e tinha 16 anos. Ao se recuperar foi viver com uma tia na Inglaterra onde conheceu seu marido com quem, anos depois, mudou-se para o Brasil, casou, teve filhos e netos e se graduou em Economia na PUC/SP.
Nanette finalizou sua emocionante palestra com uma importante mensagem aos jovens. Pediu que todos busquem incansavelmente informar-se sobre tudo o que acontece no país e no mundo, para que tal intolerância nunca mais aconteça novamente. Clamou ainda para que todos prestem atenção ao seu governo e não se omitam sobre nada e lutem contra toda forma de discriminação e intolerância.
Breve entrevista realizada pelos universitários, após a atividade
Universitários – O presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, afirma que a missão da Soka Gakkai é a concretização da paz e a felicidade da humanidade, baseada na filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin. Para a sra. qual o papel da religião para consolidar efetivamente a paz no mundo?
Nanette – Pode ser muito grande, pois a maioria das religiões tem esse fim. O judaísmo também promove a Paz Mundial, o bem estar de todos, tudo é válido desde que as pessoas sigam corretamente os ensinos, pois muitos dizem acreditar mas não seguem.
Universitários – Qual o papel dos jovens para erradicar o drama da guerra do cenário mundial?
Nanette – Enorme! Nós dependemos dos jovens, da atitude deles. Pois, são eles os nossos futuros líderes e devem saber o que fazem, dever ser muito bem preparados. O nosso país basicamente depende dos jovens, para que eles mudem tudo, e se torne um país bonito, mas para isso deve ser muito bem governado. Esse é o papel que cabe aos jovens, se preparar para isso baseado em honestidade, conhecimento, dar valor ao povo, proporcionar saúde, educação.
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