Yasmin Torres da Silva é uma jovem paraense de 22 anos que vem desafiando e transformando todas as circunstâncias adversas
Yasmin buscou, por meio de seu TCC demonstrar que a SGI é uma ONG que segue uma filosofia transnacional que promove o bem estar social
Formada em Relações Internacionais e pós graduanda em Comércio Exterior, Yasmin é budista desde o nascimento. “Nasci em uma família budista que 'adotou' minha mãe grávida que foi expulsa da casa de uma tia”, conto. Sua mãe e ela viveram com essa família até os seus 17 anos e, segundo Yasmin, “são o único significado de família que conhecemos”.
Ser uma pessoa de valor é algo que permeou toda a sua jovem existência. Queria retribuir à família que a acolheu, dando-lhe motivo para que se orgulhasse e, fazer parte ativa da BSGI integra esse processo. “Pois é por meio dela que sou capaz de fazer a minha revolução humana”, enfatizou.
Para Yasmin, ter uma religião é algo que transcende a simples crença, pois é um grandioso movimento social que incentiva seus membros a se tornarem pessoas boas, bons cidadãos, bons filhos, humanistas de verdade. Escolheu a carreira de Relações Internacionais para ir além de todas as fronteiras e contribuir com o Humanismo Soka.
Foi com essa influência que a garota chegou ao final de sua comunidade. A busca por estágio na área é árdua. Yasmin iniciou aquele ano de 2021 com um objetivo traçado e, para tanto, pôs-se a orar o mantra Nam-myoho-renge-kyo com ainda mais devoção. Intensificou também sua atuação dentro de seu Núcleo de Bairro. “Decidi que naquele ano eu conseguiria um estágio na minha área!”, exclamou.
Mas, a tarefa se mostrou mais motivada do que inicialmente pensei. Mandou currículos, participou de entrevistas e nada se efetuou. A preocupação começava a tomá-la pois o tempo passou e quanto mais se aproximasse de sua formação, ao final de 2022, mais complicado seria, pois trata-se de uma área escassa de oportunidades em Belém.
“O que não me deixou desistir foi a energia que a oração me fornecia e a força que a minha mãe me dava”, relatou. Finalmente, em julho, conseguiu uma oportunidade de trabalho. Embora não fosse um estágio, muito menos em sua área, decidiu aceitar. E foi uma grata surpresa pois, ao começar no novo emprego, conheci pessoas maravilhosas que hoje até fazem parte de sua vida.
Em uma reunião budista, Yasmin palestrou sobre um texto cujo teor consistia em dar importância à escalada de pequenos passos até atingir o sonho maior. “Pude entender o propósito de tudo e de como tudo na prática budista ocorre da melhor maneira. Determinei que a partir dali o meu estágio também viria”, enfatizou.
E, como no budismo “não há oração sem resposta”, Yasmin concluiu oficialmente um estágio em comércio exterior numa empresa que é a maior exportadora de carne do Pará. “A exportação era uma das áreas que eu sempre tive interesse dentro do curso, e nessa empresa desde o início eu tive uma chance de crescimento, fiquei muito feliz e grata pela forma como tudo aconteceu. Agora eu entendo que não conseguiria essa segunda oportunidade se não tivesse valorizado e aprendido com a primeira”, refletiu.
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
O ano de 2022 foi também o ano do seu TCC cujo tema foi Refletindo para além do estado: um diálogo entre a Soka Gakkai Internacional e os estudos de segurança humana no pós-guerra fria . Graças à sua atuação na BSGI, somando-se ao interesse na área das Relações Internacionais, Yasmin nutriu o desejo de estudar sobre as questões que envolvem a segurança internacional e humana. Este foi o estopim para o estudo de caso que deu origem ao seu TCC.
Analisou as propostas de paz do dr. Daisaku Ikeda [i] , presidente da SGI, e de como promover e pensar a paz não é um dever só do Estado. Analisou também a atuação e importância de ONGs como a SGI. “Na minha análise mostrei que as propostas de paz não se limitam a ilustrar a fé budista, mas a utilizar para aplicar seus valores no clamor pela mudança de percepção enraizada na sociedade, onde as tendências, majoritariamente, apontam para a guerra e violência”, explicou. Com isso ela fundamentou que os princípios religiosos de Daisaku Ikeda não o impedem de ser um filósofo, ativista social e humanista que acredita na paz capacidade das pessoas de alcançar a mundial com base em seu potencial ilimitado e de racionalidade;tipificando a SGI como uma ONG que segue uma filosofia de religião transnacional, capaz de movimentar ideias, pessoas e recursos através de Estados e culturas diferentes, a fim de promover o bem-estar social. “Trabalhar nesse tema me fez muito menos ansiosa e muito mais feliz de poder escrever, de poder mostrar para a sociedade e para a minha área acadêmica algo que eu tenho muito orgulho de fazer parte”, contorno.
A defesa foi em janeiro e Yasmin foi aprovado com excelência por, segundo comentários da banca, ter tido coragem de fazer e expor um trabalho tão complexo, pois abordar religião é algo sempre muito controverso, intimista e pessoal, ultrapassando o viés apenas academicista. “Inclusive, na banca um dos professores se interessou em conhecer a Gakkai!”, exultou.
Além disso, exatamente no dia seguinte de sua defesa do TCC, seu chefe chamou-a pra conversar e lhe dar a notícia de que pela sua dedicação e engajamento durante o ano de estágio ela seria efetivada como Analista de Exportação e Importação no setor. “Sinto que depois que despertei para a prática e consegui colocar o budismo na minha vida diária, a fé se tornou forte e clara dentro de mim. Claro que ainda tenho muito a aprender, mas é como se eu enxergasse tudo com mais clareza agora”, finalizou Yasmin.
[i] As propostas de paz de Daisaku Ikeda podem ser acessadas na íntegra por meio do link: http://www.culturadepaz.org.br/propostas/
