06 de July de 2023

Uma vida dedicada à causa da Paz e dos Direitos Humanos

Academia Brasileira de Letras celebra os 30 anos de posse de Daisaku Ikeda à cadeira nº 14 como sócio-correspondente

Da esq.p/ dir.: Miguel Shiratori, Domício Proença Filho e Antonio Celso Alves Pereira

A celebração dos 30 anos de Daisaku Ikeda como sócio-correspondente da cadeira 14 da Academia Brasileira de Letras – ABL, aconteceu na última quinta-feira, dia 29 de junho. Mais do que celebrar a efeméride, o momento teve sua relevância marcada especialmente pela abordagem dos temas Direitos Humanos e Universalismo, conceitos mais do que atuais e necessários nos dias de hoje. Presentes ao evento àquela tarde memorável ocorrido no teatro Raimundo de Magalhães Júnior, no Rio de Janeiro, cerca de 200 membros da BSGI do Rio de Janeiro e acadêmicos representando o colegiado da ABL. Com transmissão simultânea pelo canal oficial da ABL, quase dois mil associados de todo o país – mais de 90 locais – estiveram assistindo ao vivo e outros 5,8 mil acessaram o link posteriormente, perfazendo um total de 8 mil acessos.


O escritor, acadêmico e mestre de cerimônias dr. Domício Proença Filho, representando o presidente da ABL Merval Pereira Filho que não pode estar presente devido a compromissos profissionais em Brasília, deu início ao evento. Cumprimentou o presidente da BSGI, Miguel Shiratori, o palestrante, prof. dr. Antônio Celso Alves Pereira e saudou a BSGI pelos 30 anos de posse de Daisaku Ikeda como sócio-correspondente. A figura do saudoso presidente da ABL, Austregésilo de Athayde, foi lembrada por ele, devido aos estreitos laços que manteve com o homenageado da tarde. Lembrou o livro que contém os diálogos entre os dois – Ikeda e Athayde – Direitos Humanos no Século 21, obra de profunda relevância ainda hoje.


Ikeda enviou mensagem para este dia, lida pelo presidente da BSGI, Miguel Shiratori. O homenageado ressaltou a honra e o orgulho de pertencer a tão nobre e relevante entidade das artes brasileiras:


Em meu discurso de posse, citei uma afirmação do presidente Athayde: “o povo brasileiro é um dos maiores da humanidade é uma fonte de esperança, é com ele que devemos contar para transpor as dificuldades do século XXI”. Mesmo hoje, 30 anos depois, essas palavras continuam gravadas vividamente em meu coração. No mundo que recomeça a se movimentar significativamente após três anos de pandemia, sem dúvida, o Brasil é a nação que será a grande fonte de esperança das mais diversas áreas, como a preservação ambiental, a paz internacional e a provisão de alimentos. Acima de tudo, a contribuição do Brasil nos campos do pensamento e da filosofia é da mais elevada importância. Estou fortemente convicto de que a nossa Academia exercerá uma missão cada vez mais grandiosa no tocante ao aprofundamento e a evolução da “ideologia dos Direitos Humanos”.


O palestrante especialmente convidado para a ocasião, o prof. dr. Antônio Celso Alves Pereira, é um amigo de Ikeda de longa data. Ex-reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – e do Centro Universitário de Valença e, atualmente, é professor titular de Direito Internacional na UERJ e Política Internacional na UFRJ. Foi quem outorgou o título de Doutor Honoris Causa na UERJ ao homenageado há também 30 anos, quando de sua última visita ao Brasil.


Sua fala percorreu com profunda precisão tanto a trajetória do homenageado quanto a jornada da organização que preside, a SGI. Desde a infância passando pelos trágicos anos da escalada militarista do Japão, antes, durante e pós-guerra, as duas bombas atômicas, fatos que marcaram profundamente o povo japonês.


Em seu discurso de posse nessa casa, proferido em 12 de fevereiro de 1993, ele deu o título de A alvorada da esperança da civilização universal, Daisaku Ikeda afirmou: “é preciso cada dia mais, cultivar os valores espirituais com a intenção de construir uma verdadeira civilização universal”. Porém, afirmo que o universalismo humanista que ele defende em todas as suas obras, bem como em todas as suas ações concretas como líder de uma das maiores organizações não-governamentais do mundo, a Soka Gakkai Internacional – SGI, associada às Nações Unidas, nada tem a ver com o universalismo eurocêntrico que, a partir do sucesso das Grandes Navegações no século XV e XVI, lançou as bases do Euromundo, ou seja, projetou uma ideologia que consubstanciava uma expansão, poder, dominação e que, nas palavras de Ikeda “separou humanidades que estavam em comunhão com o mundo”.


O palestrante relembrou a pergunta de Paul Valéry em 1992: “o que é o espírito colonialista? O que é o universalismo europeu?”. O próprio Valéry respondeu antecipando o seguinte conceito: “onde quer que o espírito europeu domine vê-se aparecer o máximo de capital, o máximo de rendimento, o máximo de ambição, o máximo de poder, o máximo de modificação da natureza exterior”.


O professor Antonio Celso enfatizou que o universalismo proposto por Ikeda exalta o pacifismo, o desenvolvimento integrado e a cooperação entre os povos, os Direitos Humanos, a sensibilidade, a compaixão pela dor do próximo e a generosidade com a natureza. O professor ressaltou:


Neste contexto em seu discurso nesta Casa, manifesta e demonstra seu conhecimento e admiração pela literatura brasileira e projeta uma nova luz sobre o conceito de universalismo humanista, ideia e ação que ele propõe e defende ardorosamente em sua vasta obra literária; cerca de mais de quatro dezenas de títulos, traduzida em vários idiomas e nessa direção identifica o Brasil como uma sociedade possuidora de um potencial agregador, que tem um papel importante a desempenhar na busca da paz mundial, na construção democrática e na defesa dos direitos fundamentais do gênero humano.


Antonio Celso também destacou algumas das obras de Ikeda, como a Revolução Humana, em 12 volumes; a Nova Revolução Humana, em 31 volumes, “nas quais Ikeda nos apresenta o substancioso estudo da história japonesa contemporânea e do contexto; a difícil luta dos fundadores da Soka Gakkai, Makiguchi e Toda para concretizar seus ideais pacifistas e propagar o humanismo do budismo praticado pelo monge Nichiren Daishonin”.


Citou também o livro Crianças de Vidro e outros ensaios, em que Ikeda centraliza sua análise na trajetória do ser humano dentro da história da civilização, apresentando importantes reflexões sobre a paz e a imensa desigualdade entre o avanço tecnológico da humanidade seu atraso ético. Destacou ainda Cantos do meu coração, poemas e fotografias. O prefácio dessa obra foi escrito pelo poeta Thiago de Melo: “do silêncio mágico de suas fotos, da verdade musical de seus versos, ergue-se um comovente canto de esperança de um mundo mais justo, uma vida mais limpa, sobretudo uma convivência solidária com fundamentos só podem ser os da paz entre os homens”. Por fim, citou o grandioso ensaio Vida, um enigma, uma joia preciosa, cujo tema central é a visão budista da vida, uma profunda discussão sobre os aspectos espirituais e temporais da existência humana e sua propagação através do Universo.


A partir disso, Antônio Celso passou a narrar magistralmente a vida do homenageado, desde o nascimento numa família pobre, seus anos de estudo, sua saúde frágil, a tragédia da guerra e o encontro com o homem que mudaria tudo e, ambos, transformariam a história do Japão. O conferencista também discorreu fatos históricos do Japão nacionalista no século XIX e XX, os horrores da guerra, a luta dos três progenitores da Soka Gakkai e a relevância mundial do Humanismo Soka.


Também apresentou as ações de Ikeda ao fundar a Soka Gakkai Internacional na Ilha de Guam, em 1975, e as instituições culturais e educacionais no Japão e mundo. Ressaltou que todas as instituições são seculares. Citou as ações da Coordenadoria Educacional da BSGI, a fundação do Instituto Soka Amazônia e da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI) e destacou os títulos honoris causa outorgados nas universidades brasileiras e ao redor do mundo, somando mais de 50 instituições de ensino superior. E encerrou com a seguinte afirmação:


“Senhoras e senhores, encerro esta comunicação citando mais uma vez palavras do Dr. Daisaku Ikeda proferida no diálogo com Toynbee. ‘A única maneira de um Homem dar dignidade à vida, dar dignidade a todos os aspectos de sua vida no plano prático consiste em abandonar o ódio e a agressão, e esforçar-se para agir com beleza e amor'". 

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